Dia da Consciência Negra
Somos todos Negros, Somos todos Brancos, Somos todos Índios
Gostaria de aproveitar este espaço do blog da
igreja, no dia da Consciência Negra, para deixar um pequena reflexão sobre a
mistura das raças que deram a origem ao povo brasileiro.
O Brasil é uma nação singular, pois podemos
observar que historicamente, na constituição de seu povo, não ocorreu a exclusividade
de uma cultura em relação a outra ou a outras. Por conta da miscigenação das
raças, foi reservado ao Brasil uma característica de diversidade cultural.
Entendo que o resultado da miscigenação e por
tal diversidade cultural, o povo brasileiro foi salientado. Desde o período
colonial, até aos dias de hoje, em nossa nação todos somos negros, todos somos
brancos e todos somos índios.
O que é uma nação se não o seu povo. Uma
nação pode ou não apresentar belezas naturais, pode ou não possuir riquezas em seu
solo, pode ser milenar ou secular. Contudo, o que define uma nação é o seu
povo. E o povo brasileiro é diferenciado.
Tanto é assim que vemos nos traços físicos de
cada brasileiro as marcas desta miscigenação. E no modo de falar e no seu jeito
de ser os aspectos da cultura.
Olhos, nariz, boca, cabelo, no brasileiro,
não aponta para uma única origem, ou europeia, ou africana ou indígena, mas para
a mistura de povos (ou de raças) de origem tão distintas, que ao se encontrarem
em terras tupiniquins, formaram o povo brasileiro.
Podemos falar também da alma deste povo, que é
muito peculiar. De modo geral, somos alegres, expansivos, amamos a vida, curtimos
o momento que estamos vivendo, gostamos de fazer amizades, amamos a família, sentimos
saudades. Inclusive, se diz que só no Brasil existe esta palavra para definir
tal sentimento.
Ainda sobre a alma do brasileiro, não somos
muito disciplinados e somos muito do improviso. O brasileiro é religioso, dedicado
e pacifico. Tomamos partido, principalmente dos mais fracos, o que é explicado
pela nossa passionalidade.
Penso que estas características, que vejo no
povo, nas pessoas de nossa nação, não veria só nos brancos, ou só nos negros ou
só nos índios. Penso que, o que vejo, só vejo porque é o resultado da mistura
que é povo brasileiro.
Pessoalmente, apresento várias evidências
desta maravilhosa mistura. Contudo, gostaria de compartilhar um acontecimento
relacionado a minha filha mais nova para ilustrar esta análise.
Nasceu moreninha, da cor de “jambo”, cabelos
negros e lisos, lembrando uma indiazinha. No seu sobrenome as evidências da ancestralidade
portuguesa: Pinto dos avós maternos e Pacheco dos avós Paternos.
Logo após o seu nascimento, notei uma manchinha
em sua perninha na altura da coxa. Identifiquei que era muito parecida com a
que minha mãe tinha na mesma altura de uma das suas pernas. Fiquei fascinado
com esta herança genética, mas mais fascinado com o que descobri logo depois.
Como todos os pais fazem, levei-a vária vezes
ao pediatra e, numa desta consultas, uma das primeiras, fiquei surpreendido com
a identificação do pediatra, Dr. Roberto, em relação àquela manchinha. Se
tratava de uma mancha mongólica que, segundo o pediatra, estava relacionado aos
nossos antepassados indígenas e negros.
Saí daquela consulta radiante (e tendo uma
boa história pra contar) por levar na pele da minha filha e, por conseguinte, em
meu DNA, evidências da mistura dos meus ancestrais. Daqueles que constituíram o
povo desta nação.
Por estas e por outras, somos todos negros,
somos todos brancos e somos todos índios.
Por fim, porque não podemos lançar por terra
as diferenças, os preconceitos, as desigualdades se somos um povo só?
Assim, vou dar o exemplo, estou comemorando
aqui o Dia da Consciência Brasileira.
Por Jefferson Kelly da Silva Pacheco, pastor.